terça-feira, 30 de setembro de 2008

Canção do exílio



Minha terra tem macieiras da Califórnia

onde cantam gaturamos de Veneza.

Os poetas da minha terra são pretos

que vivem em torres de ametista,

os sargentos do exército são monistas,

cubistas, os filósofos são polacos

vendendo a prestações.

A gente não pode dormir

com os oradores e os pernilongos.

Os sururus em família

têm por testemunha a Gioconda.

Eu morro sufocado em terra estrangeira.

Nossas flores são mais bonitas

nossas frutas mais gostosas

mas custam cem mil réis a dúzia.

Ai quem me dera chupar

uma carambola de verdade

e ouvir um sabiá com certidão de idade!
De Poemas (1925-1931)

NOVA CANÇÃO DO EXÍLIO


CANÇÃO DO EXÍLIO



Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.


Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.


Em cismar, sozinho, à noite,

Mais prazer eu encontro lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.


Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar –sozinho, à noite–

Mais prazer eu encontro lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.


Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá;

Sem que disfrute os primores

Que não encontro por cá;

Sem qu'inda aviste as palmeiras,

Onde canta o Sabiá.


De Primeiros cantos (1847)


GONÇALVES DIAS

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

MAR PORTUGUÊS

ALUNOS: Kamila, Cleyton e Alessandra.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Monte Castelo

Video elaborado pela aluna Ana Gabriela 8ªb

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Monte Castelo-

Vídeo elaborado pelas alunas Laiz e Creciane 8ªB

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

INTERTEXTUALIDADE ENTRE OS POEMAS "MAR PORTUGUÊS", DE FERNANDO PESSOA E "O GIGANTE ADAMASTOR", DE CAMÕES.


A intertextualidade entre "Mar Português" , de Fernando Pessoa e, "O Gigante Adamastor", de Camões, relatam as viagens dos navegantes portugueses pelo Oceano Atlântico, durante os Séculos XV e XVI.



Fernando Pessoa retrata como as pessoas encaravam o mar. O "Cabo do Bojador", era uma espécie de "limite", sendo que dali o perigo do mar aumentava cada vez mais, pois além disso, neste período os homens julgavam aue a Terra era plana e o mar acabava num abismo.



para Camões a viagaem de Vasco da Gama, para as ìndias, representou muitos perigos, pondo o Gigante Adamastor como um dos Titãs da mitologia grega, relatando a história de amor dos navegantes.



Ambos textos comentam as dificuldades da época e da dor dos que ficavam no porto vendo a partida de seus homens, deixando para trás suas famílias e seu povo, pois chegar a terra desejada sem saber o que havia além do horizonte, lhes fazia imaginar que nunca mais voltaríam à Portugal.



Tanto Luís de Camões, como Fernando Pessoa, falam sobre o sofrimento e a dor dos portugueses no momento da partida das embarcações, e ambos os autores citam três tipos de sofrimento, que consideram principais. Camões menciona o sacrifício das mães, esposas e irmãs: "Mães, esposas, irmãs, que o temeroso/amor mais desconfio acrescentavam/a desesperação e frio medo/ de já nos tornar a ver tão cedo". Fernando Pessoa, por sua vez realça a dor das mães, dos filhos e das noivas que perderam a sua oportunidade de constituir família: "Por te cruzarmos quantas mães choraram/ quantos filhos em vão rezaram/ quantas noivas ficaram por casa". Como se constata os dois poetas demontaram mais sofrimento das mães e privilegiaram o sentimento de dor dos familiares mais chegados aos marinheiros.






Artigo produzido pelos alunos das 8as. Séries da Escola Municipal São Miguel - Curitiba-Paraná.



terça-feira, 16 de setembro de 2008


O Episódio do Gigante Adamastor (Texto Integral)


37«Porém já cinco Sóis eram passados

Que dali nos partíramos, cortando

Os mares nunca de outrem navegados,Prosperamente os ventos assoprando,

Quando uma noite, estando descuidados

Na cortadora proa vigiando,Uma nuvem, que os ares escurece,

Sobre nossas cabeças aparece.


38«Tão temerosa vinha e carregada,

Que pôs nos corações um grande medo;

Bramindo, o negro mar de longe brada,

Como se desse em vão nalgum rochedo.

"Ó Potestade (disse) sublimada:

Que ameaço divino ou que segredoEste clima e este mar nos apresenta,

Que mor cousa parece que tormenta?"


39«Não acabava, quando uma figura

Se nos mostra no ar, robusta e válida,

De disforme e grandíssima estatura;

rosto carregado, a barba esquálida,

Os olhos encovados, e a postura

Medonha e má, e a cor terrena e pálida;

Cheios de terra e crespos os cabelos,

A boca negra, os dentes amarelos.

40«Tão grande era de membros, que bem posso

Certificar-te que este era o segundo

De Rodes estranhíssimo Colosso,

Que um dos sete milagres foi do mundo.

Com tom de voz nos fala, horrendo e grosso,

Que pareceu sair do mar profundo.

Arrepiam-se as carnes e o cabelo,

A mim e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!


41«E disse: "Ó gente ousada, mais que quantas

No mundo cometeram grandes coisas.

Tu, que por guerras cruas, tais e tanta,

E por trabalhos vãos nunca repousas,

Pois os vedados términos quebrantas

E navegar meus longos mares ousas,

Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,

Nunca arados de estranho ou próprio lenho;


42"Pois vens ver os segredos escondidos

Da natureza e do úmido elemento,

A nenhum grande humano concedidos

De nobre ou de imortal merecimento,

Ouve os danos de mim que apercebidos

Estão a teu sobejo atrevimento,

Por todo o largo mar e pela terra

Que inda hás de subjugar com dura guerra.


43"Sabe que quantas naus esta viagem

Que tu fazes, fizerem, de atrevidas,

Inimiga terão esta paragem,

Com ventos e tormentas desmedidas!

E da primeira armada, que passagem

Fizer por estas ondas insofridas,

Eu farei de improviso tal castigo,

Que seja mor o dano que o perigo!


44"Aqui espero tomar, se não me engano,

De quem me descobriu suma vingança.

E não se acabará só nisto o dano

De vossa pertinace confiança:

Antes, em vossas naus vereis, cada ano,

Se é verdade o que meu juízo alcança,

Naufrágios, perdições de toda sorte,

Que o menor mal de todos seja a morte!


45"E do primeiro Ilustre, que a ventura

Com fama alta fizer tocar os Céus,

Serei eterna e nova sepultura,

Por juízos incógnitos de Deus.

Aqui porá da Turca armada dura

Os soberbos e prósperos troféus;

Comigo de seus danos o ameaça

A destruída Quíloa com Mombaça.


46"Outro também virá, de honrada fama,

Liberal, cavaleiro, enamorado,

E consigo trará a formosa dama

Que Amor por grão mercê lhe terá dado.

Triste ventura e negro fado os chama

Neste terreno meu, que, duro e irado,

Os deixará dum cru naufrágio vivos,

Para verem trabalhos excessivos.


47"Verão morrer com fome os filhos caros,

Em tanto amor gerados e nascidos;

Verão os Cafres, ásperos e avaros,

Tirar à linda dama seus vestidos;

Os cristalinos membros e preclaros

À calma, ao frio, ao ar verão despidos,

Depois de ter pisada, longamente,

Com os delicados pés a areia ardente.


48"E verão mais os olhos que escaparem

De tanto mal, de tanta desventura,

Os dois amantes míseros ficarem

Na férvida e irnplacável espessura.

Ali, depois que as pedras abrandarem

Com lágrimas de dor, de mágoa pura,

Abraçados, as almas soltarão

Da formosa e misérrima prisão."


49«Mais ia por diante o monstro horrendo,

Dizendo nossos Fados, quando, alçado,

Lhe disse eu: "Quem és tu?

Que esse estupendo

Corpo, certo, me tem maravilhado!

"A boca e os olhos negros retorcendo

E dando um espantoso e grande brado,

Me respondeu, com voz pesada e amara,

Como quem da pergunta lhe pesara:


50"Eu sou aquele oculto e grande Cabo

A quem chamais vós outros Tormentório,

Que nunca a Ptolomeu, Pompônio,

Estrabo,Plínio, e quantos passaram, fui notório.

Aqui toda a Africana costa acabo

Neste meu nunca visto Promontório,

Que para o Pólo Antártico se estende,

A quem vossa ousadia tanto ofende.


51"Fui dos filhos aspérrimos da Terra,

Qual Encélado, Egeu e o Centimano;

Chamei-me Adamastor, e fui na guerra

Contra o que vibra os raios de Vulcano;

Não que pusesse serra sobre serra,

Mas, conquistando as ondas do Oceano,

Fui capitão do mar, por onde andava

A armada de Netuno, que eu buscava.


52"Amores da alta esposa de Peleu

Me fizeram tomar tamanha empresa;

Todas as Deusas desprezei do Céu,

Só por amar das Águas a Princesa.

Um dia a vi, com as filhas de Nereu,

Sair nua na praia; e logo presa

A vontade senti, de tal maneira,

Que inda não sinto cousa que mais queira.


53"Como fosse impossível alcançá-la,

Pela grandeza feia de meu gesto,

Determinei por armas de tomá-la,

E a Dóris este caso manifesto.

De medo a Deusa então por mi lhe fala;

Mas ela, com formoso riso honesto,

Respondeu: "Qual será o amor bastante

De Ninfa, que sustente o dum Gigante?


54"Contudo, por livrarmos o Oceano

De tanta guerra, eu buscarei maneira

Com que, com minha honra, escuse o dano.

"Tal resposta me torna a mensageira.

Eu, que cair não pude neste engano

(Que é grande dos amantes a cegueira),

Encheram-me, com grandes abundanças,

O peito de desejos e esperanças.


55"Já néscio, já da guerra desistindo,

Uma noite, de Dóris prometida,

Me aparece de longe o gesto lindo

Da branca Thétis, única, despida.

Como doido corri, de longe abrindo

Os braços para aquela que era vida

Deste corpo, e começo os olhos belos

A lhe beijar, as faces e os cabelos.


56"Oh! Que não sei de nojo como o conte!

Que, crendo ter nos braços quem amava,

Abraçado me achei com duro monte

De áspero mato e de espessura brava.

Estando com penedo fronte a fronte,

Que eu pelo rosto angélico apertava,

Não fiquei homem, não, mas mudo e quedo

E, junto dum penedo, outro penedo!


57"Ó Ninfa, a mais formosa do Oceano,

Já que minha presença não te agrada,

Que te custava ter-me neste engano,

Ou fosse monte, nuvem, sonho ou nada?

Daqui me parto, irado e quase insano

Da mágoa e da desonra ali passada,

A buscar outro mundo, onde não visse

Quem de meu pranto e de meu mal se risse.


58"Eram já neste tempo meus

IrmãosVencidos e em miséria extrema postos,

E, por mais segurar-se os Deuses vãos,

Alguns a vários montes sotopostos.

E, como contra o Céu não valem mãos,

Eu, que chorando andava meus desgostos,

Comecei a sentir do Fado imigo,

Por meus atrevimentos, o castigo.


59"Converte-se-me a carne em terra dura;

Em penedos os ossos se fizeram;

Estes membros, que vês, e esta figura

Por estas longas águas se estenderam.

Enfim, minha grandíssima estatura

Neste remoto Cabo converteram

Os Deuses; e, por mais dobradas mágoas,

Me anda Thétis cercando destas águas."


60«Assim contava; e, com medonho choro,

Súbito de ante os olhos se apartou.

Desfez-se a nuvem negra, e com sonoro

Bramido muito longe o mar soou.

Eu, levantando as mãos ao santo coro

Dos Anjos, que tão longe nos guiou,

A Deus pedi que removesse os duros

Casos, que Adamastor contou futuros.



Fonte consultada: RAMOS, Manuel Paulo de. Os Lusíadas de Luís de Camões. Portugal, Porto, 1980 (Revisão e adaptação para o português moderno por Helder Bentes).

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

MAR PORTUGUES



X. MAR PORTUGUÊS


Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!


Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.


Fernando Pessoa

Monte Castelo - Renato Russo

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

CORINTIOS 13




1 Corintios 13
1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e näo tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e näo tivesse amor, nada seria.
3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e näo tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4 O amor é sofredor, é benigno; o amor näo é invejoso; o amor näo trata com leviandade, näo se ensoberbece.
5 Näo se porta com indecência, näo busca os seus interesses, näo se irrita, näo suspeita mal;
6 Näo folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 O amor nunca falha; mas havendo profecias, seräo aniquiladas; havendo línguas, cessaräo; havendo ciência, desaparecerá;
9 Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
10 Mas, quando vier o que é perfeito, entäo o que o é em parte será aniquilado.
11 Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
12 Porque agora vemos por espelho em enigma, mas entäo veremos face a face; agora conheço em parte, mas entäo conhecerei como também sou conhecido.
13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.

"AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE VER" - CAMÕES


Amor é fogo que arde sem se ver,

é ferida que dói, e não se sente;

é um contentamento descontente,

é dor que desatina sem doer.


É um não querer mais que bem querer;

é um andar solitário entre a gente;

é nunca contentar-se de contente;

é um cuidar que ganha em se perder.


É querer estar preso por vontade;

é servir a quem vence, o vencedor;

é ter com quem nos mata, lealdade.


Mas como causar pode seu favor

nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor?

POESIA:CLÁSSICA, ROMÂNTICA, MODERNA , CONTEMPORÂNEA, RAP OU HIP HOP...SEMPRE POP!!

A escola é um espaço de aprendizagem, e para que esta ocorra, é preciso que haja motivação. Essa motivação deve ser provocada pelo professor, trazendo para o cotidiano do aluno a problematização e a prática da experiência contemporânea. Cada educador tem como encontrar a sua forma. São tantas as possibilidades de leituras, de vídeos, de músicas, de formas de expressão que podem ser utilizadas como trabalho em cartuns, charges, entre ritmos musicais poesia e hip hop. Enfim, é possível ampliarmos nossas possibilidades pedagógicas, pois assim se apresentam os interesses juvenis, explorando as múltiplas possibilidades de buscas e descobertas. Extrapolar o livro didático entendendo-o como fonte de possibilidade de ensino, mas não como possibilidade estanque e única. Temos que provocar um novo aprender, que ultrapasse o livro didático, que vá além dos conteúdos pré-determinados.
A escola precisa privilegiar convívios, preocupando-se com o uso da estrutura física, tecnológica, pedagógica e humana, oferecendo encontros nas suas dependências, aos finais de semana, trazendo, de forma integrada e participativa junto a famílias e jovens/alunos. Moradores do bairro vizinhos, a fim de formar vínculos de interesses para discussões e socialização dos saberes. Também como forma de não serem discriminados por classe social ou razão de escolha cultural como temos visto na mídia.